Translate

sábado, 14 de julho de 2012

Folhas de rosa

Todas as prendas que me deste, um dia, Guardei-as, meu encanto, quase a medo, E quando a noite espreita o pôr-do-sol, Eu vou falar com elas em segredo ... E falo-lhes d'amores e de ilusões, Choro e rio com elas, mansamente... Pouco a pouco o perfume do outrora Flutua em volta delas, docemente ... Pelo copinho de cristal e prata Bebo uma saudade estranha e vaga, Uma saudade imensa e infinita Que, triste, me deslumbra e m'embriaga O espelho de prata cinzelada, A doce oferta que eu amava tanto, Que reflectia outrora tantos risos, E agora reflecte apenas pranto, E o colar de pedras preciosas, De lágrimas e estrelas constelado, Resumem em seus brilhos o que tenho De vago e de feliz no meu passado... Mas de todas as prendas, a mais rara, Aquela que mals fala à fantasia, São as folhas daquela rosa branca Que a meus pés desfolhaste, aquele dia... Florbela Espanca

2 comentários:

  1. Vc é uma força motriz a favor da Poesia, Maria!
    Beijos desse seu maior fãzoco!
    Antônio Poeta

    ResponderExcluir